COMO DESENVOLVER UM PROGRAMA OU SISTEMA DE ERGONOMIA

Todo Ergonomista já realizou uma Avaliação Ergonômica Preliminar (AEP) ou uma Análise Ergonômica do Trabalho (AET). Mas nem todo Ergonomista já teve a oportunidade de participar dos próximos passos, ou seja, implantar o Programa ou Sistema de Gestão em Ergonomia (ou assessoria ou consultoria ou Gestão Ergonômica).

Alguns colegas da Ergonomia perguntam:

E a resposta é simples, emocionante, excitante e muito rentável: SIM!! Muitos Ergonomistas trabalham com o próximo passo: a implantação ou desenvolvimento de um Programa ou Sistema de Ergonomia.

O que é um Programa e Sistema de Gestão em Ergonomia?

Taí a primeira coisa que temos que definir: o que é um Programa e o que é um Sistema de Gestão em Ergonomia?

Após as definições, você ainda pode ter ficado com dúvidas, então vamos à diferença entre eles:

O Ergonomista pode ter ficado em dúvida de qual das duas “opções” ele deve “escolher” e a resposta é simples: Você pode escolher os dois, mas um de cada vez…
Um Programa de Ergonomia é bem mais “simples” de ser desenvolvido, quando se comparado a um Sistema de Ergonomia, o qual é muito mais robusto, em relação a estrutura organizacional, de processos, de documentos, de autonomia e de conhecimento sobre Ergonomia da empresa (lideranças) e funcionários

Não existe bom ou ruim, em relação a Programa ou Sistema de Ergonomia!

Os dois são importantes e necessários, mas perceba que o Sistema de Gestão em Ergonomia é a evolução de um Programa de Gestão em Ergonomia.

Em outras palavras, de forma geral, normalmente você terá que iniciar o trabalho como um Programa de Ergonomia e evoluir para um Sistema de Ergonomia, o que pode durar anos!

Uma forma de direcionar o desenvolvimento de um Programa de Ergonomia (e mais tarde, de um Sistema de Ergonomia) é o Procedimento Específico 342 - Sistema de Gestão em Ergonomia.

O PE 342, como é conhecido, é um documento que aponta a direção de um Sistema de Gestão em Ergonomia. Ele é aplicável a qualquer empresa que deseje estabelecer, implementar e manter um Sistema de Gestão em Ergonomia, eliminando ou reduzindo os riscos ergonômicos. 

Talvez esta seja a principal diretriz, quando vamos desenvolver um Programa ou Sistema de Ergonomia.

É importante dizer que este documento e o que ele representa foi uma luta árdua feita pela ABERGO (Associação Brasileira de Ergonomia) em parceria com a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).

O PE342 não tem a intenção de impor uma uniformização da estrutura de Sistemas de Gestão em Ergonomia ou da sua documentação; esses continuam tendo características particulares de Organização ou até do Ergonomista que ajuda no processo de criação.

Ele especifica requisitos para um sistema de gestão em ergonomia, quando uma empresa:

1. Necessita demonstrar sua capacidade de adaptar as condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e
   desempenho eficiente.
2. Melhorar o desempenho do trabalhador por meio da efetiva aplicação do sistema, incluindo processos para melhoria contínua do sistema e a garantia da conformidade com requisitos do cliente e requisitos regulamentares aplicáveis.

Segundo o PE 342, os resultados pretendidos de um Sistema de Gestão em Ergonomia devem ser:

1. Melhoria contínua do desempenho em Ergonomia;
2. Cumprimento de requisitos legais e outros requisitos;
3. Realização dos objetivos de Ergonomia.

Esse documento permite que uma organização, por meio do seu Sistema de Ergonomia, integre outros aspectos relacionados à Ergonomia, como saúde, segurança, desempenho eficiente e bem-estar do trabalhador. É possível usar este documento, na totalidade ou em parte, para melhorar sistematicamente a gestão da ergonomia. 

Esse documento é de leitura obrigatória! Clique na imagem abaixo para baixar.

Quais os componentes principais de um Programa ou Sistema de Ergonomia?

Agora vamos falar dos principais componentes que um Programa ou Sistema de Ergonomia deve conter

• Orçamento e contrato seguros
  • Tanto o orçamento, quanto o contrato de um serviço de Gestão em Ergonomia, para desenvolvimento de um Programa ou Sistema de Ergonomia devem ser muito bem feitos e específicos para cada tipo de situação. Um orçamento e um contrato mal feitos, podem definir o insucesso de um serviço de Gestão em Ergonomia.
• Características específicas
  • Liderança: o ideal é que o gestor do Programa ou Sistema de Ergonomia não seja o Ergonomista, propriamente dito. Escolha uma liderança da Organização.
  • Responsabilidade: defina quem são os responsáveis por cada ação, decisão ou processo dentro do Programa/Sistema de Ergonomia.
  • Comunicação: escolha o meio de comunicação principal da empresa (e-mail, Whatsapp, Chat, etc.)
  • Alocação de recursos: defina de onde sairão os recursos que vão custear o Programa/Sistema de Ergonomia e qual o seu Budget anual e/ou mensal.
  • Avaliação contínua do desempenho: crie relatórios de resultados periódicos (mensais mais simples, além de semestrais e anuais mais robustos).
  • Compromisso: defina os objetivos, ações e procedimentos, para que as metas definidas para o Programa ou Sistema sejam alcançadas.
  • Promoção da cultura na organização: espalhe a cultura da Ergonomia dentro da empresa, para que essa influencie as ações e decisões da Organização.
  • Política compatível com os objetivos estratégicos gerais: defina os objetivos principais do Programa/Sistema de Ergonomia linkados aos objetivos estratégicos da Organização.
  • Monitoramento do sistema de gestão: crie processos e metodologias para acompanhar o desenvolvimento do Programa/Sistema de Ergonomia.
  • Suporte da organização: para ter sucesso, um Programa/Sistema de Ergonomia tem que ter o apoio da alta direção da Organização, bem como de algumas figuras chaves da mesma.
  • Processo efetivos de identificação de perigos e riscos: o sucesso do Programa/Sistema de Ergonomia está intimamente ligado às fases de identificação e avaliação do risco ergonômico (AEP e AET), bem como sua graduação na Matriz de Risco Ergonômica. Temos um SUPER Curso de Avaliação Ergonômica. Saiba mais. (Link: https://hotmart.com/pt-br/marketplace/produtos/curso-de-avaliacao-ergonomica-universidade-ifacilita/V80505121A)
  • Integração dos sistemas de gestão: o Programa/Sistema de Ergonomia tem que, necessariamente, estar alinhado aos demais sistemas de gestão da empresa (SST, Qualidade, Processos, Projetos, etc.).
  • Participação dos trabalhadores: além de ser obrigação estipulada por norma, a participação dos trabalhadores aumenta o sucesso e a sensação de pertencimento do Programa/Sistema de Ergonomia.
  • Compliance: um dos grandes objetivos de um Programa/Sistema de Ergonomia, muitas vezes o principal, é colocar a empresa em conformidade com as normativas que regem o seu tipo de negócio.
• Ferramentas de Gestão:
  • As Organizações utilizam diferentes ferramentas de gestão e o Ergonomista pode utilizar essas ferramentas para aproximar o Programa ou Sistema de Ergonomia dos demais Sistemas de Gestão do seu cliente. Dois bons exemplos são as ferramentas PDCA e 5W2H.

• Política de Ergonomia
  • Segundo a PE 342, são “intenções e princípios gerais de uma organização em relação ao seu desempenho em Ergonomia, conforme formalmente expresso pela Alta Direção. Temos uma live sobre Política de Ergonomia no nosso canal do Youtube.
  • No nosso Curso de Gestão em Ergonomia disponibilizamos um completo modelo editável de Política de Ergonomia!
• Comitê de Ergonomia (COERGO)
  • O COERGO, é uma das ações que o Ergonomista tem à disposição para poder auxiliá-lo em todas as fases de um Sistema Ergonômico, desde as avaliações até a implantação das intervenções ergonômicas, de uma maneira mais eficiente e participativa.
• Organização das ações
  • O Ergonomista deve organizar bem sua ações, seja na empresa, seja em seu escritório, para que cada fase aconteça no seu momento certo. Veja essa linha do tempo sugerida, para um Programa ou Sistema de Ergonomia.

• Indicadores certos
  • Indicadores chaves de performance ou KPIs (Key Performance Indicator) são elementos que têm como objetivo apontar ou mostrar algo, através de números e outro símbolos, os quais são fundamentais na construção de um cenário real de performance.
  • Temos diferentes “tipos” de indicadores, por exemplo, indicadores estratégicos, táticos ou operacionais; de eficiência, de eficácia e de efetividade; indicadores da própria empresa ou indicadores do profissional (desde que integrados aos KPI´s das áreas ou da empresa) e; indicadores pré e pós-evento. Vemos todos esses indicadores, com dezenas de exemplos e planilhas modelos e editáveis no nosso Curso de Gestão em Ergonomia.
• Certificação de Empresas com Sistemas de Gestão em Ergonomia
  • Sem dúvida esse é um componente incrível de um Sistema de Gestão em Ergonomia. O PE 342 é um procedimento que, se seguido, pode dar à empresa o direito a pleitear uma certificação , como empresa que estabelece, implementa e mantém um Sistema de Gestão em Ergonomia, eliminando ou reduzindo os riscos ergonômicos. 

Esses são alguns dos principais componentes que um Ergonomista deve estar atento quando for desenvolver um Programa ou Sistema de Ergonomia no seu cliente. 

O que fazer para que um Programa/Sistema de Ergonomia dê errado? 😈👹🎃💀☠️🤡

Agora vamos ver dicas do que o Ergonomista deve fazer, CASO QUEIRA QUE SEU PROGRAMA OU SISTEMA NÃO DÊ CERTO… 🤡🤡🤡

1. Não avise sobre o investimento necessário para as implementações de melhorias Ergonômicas, na Proposta Orçamentária! 😈👹🤡
   • Se você quer que seu Programa / Sistema de Ergonomia dê errado, não informe à empresa e seus gestores que após  fase de Avaliação Ergonômica, para que a empresa cumpra o que as NRs 01 e 17 dizem, serão necessários investimentos (R$) para modificar as situações de trabalho. O empresário vai ficar super feliz em saber disso depois… 
2. Ordene as implantações, sem considerar como prioridade os “desejos” da empresa, do empresário e dos líderes! 💀☠️
   • Normalmente, na hora de ordenar as melhorias, um bom Ergonomista considera o nível de urgência da Matriz de Risco do seu cliente. Um Ergonomista que é muito bom e muito esperto, considera também a opinião da empresa (em especial do empresário e de suas lideranças principais), de forma que o que eles sugeriram como melhoria ou o que eles sugeriram como sendo ponto de avaliação, deva ser atendido quase que imediatamente, já no princípio. A dica aqui é que você, Ergonomista, faça o contrário: ignore o que o empresário e essas lideranças falaram… 🎃💀☠️
3. Faça o orçamento da consultoria, antes de fazer a Avaliação Ergonômica (AEP ou AET), prometendo onde vai chegar até o final do contrato!
   • Essa é uma dica de ouro para ver seu Programa / Sistema de Ergonomia ir por água abaixo… Prometa o que você não tem certeza que pode ser cumprido… Prometa que vai melhorar isso, resolver aquilo, até o final do contrato… “Vai na minha”, “vai dar bom”! 😈🤡🤡
4. Procure errar no seu Orçamento e no seu Contrato 
   • Duas dicas em uma, para ver o seu barco afundar! Erre na hora de precificar seus serviços: faça o orçamento com base no que seu colega cobra; cobre metade do concorrente; não considere custos, lucro e impostos; não crie seu orçamento com base no seu fluxo de caixa… Essas são dicas muito especiais para você passar raiva depois, durante o Programa, quando o valor que você tiver recebendo, não cobrir nem seus custos ou nem te gerar um lucro adequado. 😈👹🤡
   • Fizemos um super conteúdo sobre o assunto: são artigos e lives sobre o tema e um deles, sobre Precificação de Serviços de Ergonomia. Essa dica vai fazer a coisa dar certo e não deveria estar aqui… 🤫
5. Renove o contrato apenas no último mês do serviço
   • Dica de ouro para você receber uma bela surpresa: “Ergonomista, não vamos continuar os serviços”. Se você tem um contrato anual com seu cliente (por exemplo, de janeiro a janeiro), espera chegar janeiro para apresentar os resultados e receber um sonoro “OBRIGADO, TÔ CHEIA” do seu cliente… Ao invés disso, colocar no contrato que a renovação será definida no 10 mês de contrato (60 dias antes do final) e atrelar essa renovação a alguns indicadores chaves, pode fazer você renovar mais facilmente um contrato para desenvolver seu Programa ou Sistema de Ergonomia. Mas não queremos isso, certo!? Queremos ver você sem contrato… 🎃💀
6. Não deixe claro (formal ou informalmente) o que precisa acontecer para que ocorra a renovação do contrato “automática”
   • Falamos disso no item acima, mas vale um tópico específico para isso… Não coloque no contrato 🤥 e não deixe claro para a empresa 🤥 os indicadores que são importantes para seu ela, bem como nas reuniões e relatórios de demonstrativo de resultado periódicos como estão tais indicadores, suas evoluções e os motivos para esses não terem sido alcançados ou melhorados… No final do contrato, você tem chance de receber uma graaannnnde notícia: NÃO VAMOS CONTINUAR COM O CONTRATO… 👹🤡
7. Não modele seu Programa / Sistema de Ergonomia na política de compliance da empresa
   • Compliance pra quê? Que palavra complicada… Não precisa se preocupar com isso… 🤡🤡 Não precisa moldar seu Programa ou Sistema de Ergonomia nos que dizem, pelo menos, as NRs 01 e 17. Esquece isso… 😈. Pra te atrapalhar nesse objetivo, temos um artigo e uma planilha completa com as principais normativas que o Ergonomista deve seguir. Leia CLICANDO AQUI.
8. Não gaste muito neurônio no Planejamento
   
   • Relaxe na hora do planejamento do seu Programa ou Sistema de Ergonomia… Não gaste neurônio demais… Não precisa se preocupar em realizar uma análise global, analisar os documentos da empresa, analisar os indicadores da empresa, realizar uma sensibilização com os trabalhadores, em entender os processos da empresa e do programa ou sistema, o passo a passo do macroprocesso (avalia, aprova, protótipo, aprova, implanta, avalia, aprova), etc. Esquece isso… 😈👹🤡
   • Se quiser ignorar nossa dica, o Curso de Gestão em Ergonomia, apesar dele não ser tão legal assim...
9. Não tenha uma Política de Ergonomia
   • Imagino que esta dica você já sabia que nós daríamos… Garantia de sucesso! 🤡🤡
10. Desenvolva o Programa Sozinho
    1. Pra quê mais gente? Você é um super Ergonomista e vai dar conta de tudo sozinho! Comitê de Ergonomia? Time de Ergonomia, para te ajudar na avaliação, proposta de melhorias, validar as melhorias, ajudar na prototipagem? Balela… 🎃💀☠️
11. Não tenha uma rotina definida e informada
    • Liberdade é tudo na vida. Vá para seu cliente sem avisar o dia, ou avisar o que pretende fazer no dia… Chegue lá, sem avisar e marca uma reunião de última hora… Ou melhor, marque uma reunião sem falar a pauta… Vai ser massa! Grave a reação deles e depois manda para cá, para vermos o quão felizes 🤯🤯🤬😤😠 eles vão ficar… 🤡🤡
12. Erre nas implantações
    • Ah, essa é uma dica infalível: chegue na empresa, já no início, quando você ainda não sabe nada da empresa, e proponha uma melhoria de custo elevado e sem pedir a opinião de ninguém… Simplesmente fale: compra uma dúzia e coloca lá… Vai dar muuuuito certo…  😈😈😈
13. Crie um monte de indicadores de Ergonomia que não estão linkados com os KPIs da empresa
    • As empresas adoram indicadores que só fazem sentido na cabecinha do Ergonomista… 🤡
14. Não se capacite para implantar um Programa / Sistema de Ergonomia
    • Vai por mim, não é complicado e não requer que você estude mais sobre o assunto… Chega lá e faz, pronto, simples assim… 🤡🤡
    • Agora, se quiser ignorar nossa dica, o Curso de Gestão em Ergonomia, pode te ajudar…
      
      • Tópicos Principais do Curso
        
        • Introdução à Gestão
        • Normativas e Certificação em Gestão em Ergonomia
        • PGR na Gestão em Ergonomia
        • Exemplos de Programas de Gestão descritos na literatura
        • Programa de Ergonomia
        • Política de Ergonomia
        • Sistema de Ergonomia
        • AEP e AET alimentando a Gestão em Ergonomia
        • Desenvolvimento do Comitê de Ergonomia
        •  Formação e acompanhamento de indicadores
        •  O dia a dia da Gestão em Ergonomia
        •  Exemplos reais
        • Atividade prática
        • Muito mais...

Nós fizemos uma live sobre “COMO DESENVOLVER UM PROGRAMA DE ERGONOMIA”, na qual falamos detalhadamente de cada ponto desses acima. Vale muito a pena ver. Assista clicando no vídeo abaixo.

Ainda em relação ao conteúdo deste artigo, em breve, estarão abertas as inscrições para nosso Curso de Projetagem em Ergonomia.

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