Ergonomista, a nova redação da Norma Regulamentadora 17 (NR 17) sobre Ergonomia entrou em vigor em 2021 e, dentre outras novidades, oficializou a existência da Avaliação Ergonômica Preliminar (AEP). Essa nova “entidade” está causando confusão no que deve ser avaliado e nas diferenças 🙂 para a Análise Ergonômica do Trabalho (AET).
Escrevemos dois artigos para tentar esclarecer alguns pontos sobre o assunto. Ao final desse primeiro artigo, você terá acesso ao segundo artigo.
Um breve histórico das avaliações ergonômicas…
Para começar a discussão, vamos fazer um levantamento histórico de como se apresentavam as Avaliações Ergonômicas.
Já há muito tempo, desde antes de 2002 (ano da publicação do Manual de Aplicação da NR 17 antiga), se é praticada no Brasil a solicitação de análises ergonômicas (AET) de forma “protocolar” (só para ter o documento, sem realizar a melhoria indicadas), o que gerou a realização de uma AET “grosseiras e superficiais que em nada contribuem para a melhoria das condições de trabalho” (como cita o próprio Manual de Aplicação, há mais de 20 anos!).
Esse modelo (superficial, genérico) perdura até hoje e, arriscamos dizer, que é o mais comumente presente nas empresas (e nas auditorias internas e externas que membros da nossa equipe participam). Esse “modelo” de AET, além de não ter a capacidade de mudar o trabalho, prejudica a visão que as empresas têm do profissional de Ergonomia, considerando-o mais como um profissional "proforma", vendedor de “papel” (de “laudo”), um gasto sem sentido, do que o que verdadeiramente é: um profissional indispensável dentro de uma equipe que tem por objetivo melhorar as condições de trabalho e a eficiência produtiva do negócio.
Avançando na história, ao nosso ver, o início do eSocial e a presença dos riscos ergonômicos dentre os fatores de riscos da “falecida” Tabela 23 (ou 24) do eSocial ampliaram a presença da Ergonomia dentro de Organizações; muitas delas não continham nada dessa área (isso para nós é um fato indiscutível: o eSocial ampliou a presença da Ergonomia nas empresas!). Porém, essa fase também contribuiu para o agravamento do cenário de uma AET sendo feita de forma mais superficial e que pouco contribuia para a melhora das condições de trabalho. Muitas vezes, essa AET encobria um checklist simples em que apontava a existência ou não de um determinado fator de risco, normalmente focado na parte da Ergonomia Física (de movimento, posturas, etc.) e dos mobiliários.
Todo esse histórico que tentamos construir até aqui, ao nosso ver, gerou a ideia errônea (de muitas empresas e até de profissionais de Ergonomia) de que a AET era uma forma de avaliar todas as demandas de um determinado cargo, analisando todos os postos e atividades de trabalho, passando a visão de que a AET era uma avaliação “completa”.
Dando um salto na história, vindo para os dias de hoje, para alguns profissionais de Ergonomia, foi a nova NR 17 quem “inventou” a possibilidade dele realizar um levantamento ergonômico das condições de trabalho mais rápido e superficial, mas na verdade, essa modalidade de avaliação preliminar já era praticada por muitos profissionais de Ergonomia há mais de 20 anos…
Não confunda, não estamos falando de uma AET mais superficial, como citamos anteriormente…
Alguns Ergonomistas mais experientes já realizavam um levantamento inicial e mais superficial das situações de trabalho a luz da Ergonomia, que era chamado de vários nomes tais como “mapeamento ergonômico” ou “levantamento preliminar de risco ergonômico” ou “avaliação preliminar de risco ergonômico” ou até mesmo “avaliação ergonômica preliminar”, nome que hoje é usado oficialmente na norma.
Porém, como vamos falar mais a frente, as novas exigências da NR 01 não permitem que os profissionais que faziam esse antigo levantamento, continuassem a fazê-lo da mesma forma, os obrigando a realizar alguma adaptação na sua metodologia, as quais falaremos delas mais adiante.
Chegando aos dias atuai, as novas NRs 01 e 17 oficializaram e deram mais parâmetros para a AEP, o que, ao nosso ver, foi um passo positivo para a busca da Ergonomia em todas as empresas e em busca da melhora das condições de trabalho nas Organizações e Órgãos Públicos. Porém, como tudo que é novo, está sofrendo algumas distorções de interpretação teóricas e práticas.
O que dizem as normas sobre a AEP e sobre a AET?
Como sempre fazemos, vamos trazer a discussão mais próxima das normas que sustentam o assunto: NR 1 e NR 17.
Norma Regulamentadora 01 (NR 1)
A NR 01 apresenta algumas disposições gerais sobre a aplicação e definições a respeito das NRs e sobre o gerenciamento de riscos ocupacionais (famoso GRO).
Sobre a AEP e AET, podemos destacar alguns itens que ajudam na discussão:
Sentimos muito, mas essa não é uma diferença entre AEP e AET e sim uma semelhança 🙁: tanto a Avaliação Preliminar quanto a Análise Ergonômica devem gerar ações de melhorias ergonômicas, o que a norma chama de “medidas de prevenção e controle”, e o Ergonomista, ao propor tais sugestões, deve respeitar obrigatoriamente essa hierarquia:
(1º) indicando primeiro medidas de engenharia ou coletivas que eliminem o risco e, no caso de não serem tecnicamente viáveis (e não financeiramente inviáveis - a norma nem fala em inviabilidade financeira);
(2º) medidas coletivas para reduzir o risco e, no caso de serem tecnicamente inviáveis;
(3º) medidas de organização do trabalho e administrativas para reduzir o risco e, por fim (lááááááá no fim), ainda no caso de inviabilidade técnica das anteriores;
(4º) uma medida individual para reduzir o risco.
O PGR (IRO e PA) deve estar integrado com a NR17, NR12, NR36 etc. Em outras palavras, qualquer que seja o trabalho que o Ergonomista vá fazer na empresa (relacionado com a saúde e segurança ocupacional), esse deve estar em consonância com a metodologia do PGR, em especial, a de avaliação de risco ocupacional.
A gradação do risco da sua AEP ou AET deve estar alinhada à metodologia do PGR do seu cliente, em especial aos termos usados para definir os níveis de risco, tamanho da matriz de risco (ferramenta mais comumente usada para avaliar o risco), número de níveis de risco, número de níveis de severidade e de probabilidade e outros detalhes.
Fizemos um Curso de Avaliação de Risco Ergonômico que te dá diferentes tipos de matrizes de riscos e critérios ligados à Ergonomia, assim como te explica como fazer essa adaptação de algum desses seus módulos à metodologia do cliente, ação obrigatória de um Ergonomista!
Esse é o resumo do que uma Organização deve fazer, em relação ao GRO.
Os itens em destaque na imagem acima (B, C, D e E) podem advir de uma Avaliação Preliminar (AEP) ou de uma Análise Ergonômica (AET).
Então, infelizmente essa também não é uma diferença entre AEP e AET 🙁, pois tanto uma, quanto a outra podem conter as fases de identificação de perigo, avaliação de risco (gradação da severidade e da probabilidade para posterior classificação do nível do risco ocupacional) e geram propostas de ações de melhorias para serem implementadas…
Desculpa, mas parece que esse artigo não está querendo te mostrar a diferença entre AEP e AET… 🙁
O item acima é super importante nessa discussão e mostra que quando as NRs 01 e 17 utilizam o termo “condições de trabalho”, elas estão querendo falar de todos os seguintes aspectos:
Daqui a pouco retornaremos neste item!
Mais uma vez, essa não é uma diferença entre AEP e AET… 🙁 Desculpe-nos! Ouvir o trabalhador é obrigatório, tanto na AEP, quanto na AET.
Para quem atua com Ergonomia já há tempos, essa exigência já é comum desde sempre… A opinião do trabalhador deve ser considerada (e registrada) na AEP, na AET, no Plano de Ação e na Implantação das melhorias.
Esse item tem relação direta com nosso assunto. O processo de avaliação ergonômica (AEP + AET) deve englobar as fases de “Identificação de Perigo” e de “Avaliação de Risco”.
Em outras palavras, durante a AEP e durante a AET você deve (então não é uma diferença 🙁), PARA CADA RISCO ERGONÔMICO, pelo menos:
A imagem acima, dependendo da sua interpretação, pode mostrar 🙂 ou não mostrar 🙁 uma diferença entre AEP e AET. Vamos aprofundar essa discussão mais abaixo, quando falarmos do item 17.3.3 na parte da NR 17.
Por agora, o item 1.5.4.3.1 mostra quais itens devem sair de uma AEP e podem sair de uma AET para atender ao PGR.
Se você considerar que está fazendo apenas a fase de “Identificação de Perigo” na AEP (o que nós não indicamos), o que está em amarelo destacado é o que deveria sair da sua avaliação.
Agora, se você segue o que indicamos, que é a realização das fases de “Identificação de Perigo” e de “Avaliação de Risco” na AEP e na AET, os 16 itens destacados do lado direito da imagem devem sair como resultado, dentre outros que a própria Ergonomia indicaria e que não foram constatados nas novas NRs.
Aqui nós retomamos o conceito de “condições de trabalho” que citamos acima: uma grande diferença entre AEP e AET 🙂 é que na Avaliação Preliminar, o Ergonomista deve abordar todas as condições de trabalho e identificar os fatores de riscos (perigos) e riscos provenientes de todas (ou das principais - mais frequentes, mais demoradas e mais problemáticas) as atividades de trabalho de um cargo de um determinado setor (unidade que é normalmente dividido um PGR).
Ao contrário do que MUITOS PROFISSIONAIS ACHAM, na AET você não tem que avaliar todas as atividades e todos os fatores de riscos (todas as condições de trabalho). Essa é uma interpretação equivocada da norma! POLÊMICA!!
A metodologia da Análise Ergonômica do Trabalho (AET), independente de qual “Escola” você siga, desde sempre, é um instrumento que tem o objetivo de “entender melhor as situações complexas” e que é necessária a presença de um Ergonomista.
Apesar do entendimento diferente de muitos profissionais, isso já está exaustivamente bastante mega power estabelecido, tanto que é citado desde 2002 (dois mil e dois) pelo Manual de Aplicação da antiga NR 17:
“Este é o subitem mais polêmico da Norma. Ele foi colocado para ser usado quando o auditor-fiscal do trabalho tivesse dificuldade para entender situações complexas em que fosse necessária a presença de um ergonomista. Evidentemente, nesse caso, os gastos com a análise devem ser cobertos pelo empregador. Têm-se pedido análises ergonômicas de uma forma rotineira e protocolar. Isso só tem dado margem a que se façam análises grosseiras e superficiais que em nada contribuem para a melhoria das condições de trabalho. Na solicitação da análise ergonômica, deve-se ter clareza de qual é a demanda, focando-se em um problema específico. Sempre que o auditor-fiscal do trabalho solicitar uma análise, deve explicitar claramente qual é o problema que quer resolver e pelo qual está pedindo ajuda a um ergonomista.
Teoricamente, podemos dizer que uma análise, seja lá qual for, só é empreendida quando temos de solucionar um problema complexo, cujo entendimento só é possível se decompusermos o todo complexo em partes menores em que a apreensão possa ser evidenciada. Compreendendo-se as partes, compreende-se o todo. Por exemplo, se há casos de DORT em uma empresa, devemos primeiramente saber em que setor ela incide mais. Se esse setor comportar diversas tarefas, procura-se saber em qual atividade há maior número de casos. Finalmente, decompõe-se a atividade em suas diversas partes e verifica-se em qual delas há um ou mais fatores que sabidamente causam DORT. Resumindo, não há análise em abstrato. Analisa-se algo para compreender um problema.”
(Manual de Aplicação da NR 17 - Pág 15)
Após a leitura dessa passagem, temos ainda mais certeza de que a Análise Ergonômica não deve ser “geral”, “global”, pegando todos os tipos de fatores de riscos (organização do trabalho; levantamento, transporte e descarga individual de cargas; mobiliário dos postos de trabalho; trabalho com máquinas, equipamentos e ferramentas manuais; e condições de conforto no ambiente de trabalho) e analisando todas as atividades de trabalho!
A AET deve ser realizada para aprofundar uma demanda específica, o que pode ser sobre uma ou mais (mas poucas, não todas!) atividade de trabalho; uma ou mais situação de trabalho; uma ou mais processos produtivos; um ou mais recursos de trabalho; um ou mais produtos ou serviços, etc.; o que pode englobar um ou mais fatores de riscos ergonômicos.
Por esse aspecto, concorda que a AET não é mais completa do que a AEP?
Os itens acima dão um resumo importante do caminho que deve ser percorrido na AEP e na AET. Mais uma vez, estamos desvirtuando nosso artigo 🙁 e não estamos mostrando uma diferença entre AEP e AET… Triste demais isso!
Tanto na AEP quanto na AET o Ergonomista deve fazer a “Identificação de Perigo”, “Avaliação de Risco” (graduando a Probabilidade e a Severidade) PARA CADA FATOR DE RISCO! Vamos dar um exemplo prático no item abaixo.
Estamos ficando tristes de verdade 🙁 por não poder cumprir toda nossa promessa, de falar da diferença entre AEP e AET… Estes itens da norma citados na imagem acima também são uma semelhança entre essas duas fases de avaliação (a AEP e a AET): para se graduar o Risco Ergonômico, o profissional deve considerar a Severidade e a Probabilidade:
Para frisar, tanto na Avaliação Preliminar, quanto na Análise Ergonômica, profissional de Ergonomia deve graduar o nível DE CADA RISCO, através da gradação da severidade e da probabilidade, com critérios e matrizes que devem estar no PGR do cliente (seja porque você usou os critérios dele, seja porque você os adicionou).
Apesar do tema “Avaliação de Risco Ergonômico” ser um tema que o Ergonomista está frequentemente em contato, muitos ainda cometem erros básicos na graduação do risco, dentre alguns deles:
Não entendeu direito? Quer que desenhe?
Na imagem acima, perceba que para cada fator de risco (perigo), foi feita a identificação do perigo e a classificação do nível de risco Ergonômico. Sobre esses conceitos, nós falamos detalhadamente no Curso de Avaliação de Risco Ergonômico. Vá lá conhecer e assista o módulo gratuito!
Já falamos no item anterior que os Riscos Ergonômicos devem ser classificados para que sejam adotadas medidas de prevenção, dentro do plano de ação.
Essa também é uma semelhança entre a AEP e a AET 🙁: após a avaliação, o Ergonomista deve propor sugestões de melhorias ergonômicas para eliminar ou reduzir os riscos, classificando tais melhorias em as que devem ser implementadas de forma mais rápida e menos rápida, de acordo com o nível de risco de cada Risco Ergonômico.
Se um risco é mais elevado, ele deve ser resolvido mais rapidamente do que aquele risco mais leve.
A NR 01 é tão legal que ela tem um item que facilita muito a vida do Ergonomista, indicando quando esse profissional deve indicar medidas de prevenção para eliminar, reduzir ou controlar os Riscos Ergonômicos.
Você também percebeu que essa não é uma diferença entre AEP e AET: 🙁. Pela centésima vez, nos desculpe por não estar cumprindo com o prometido…
Tanto após a AEP, quanto após a AET, o Ergonomista deve (obrigatoriamente) indicar uma ou mais ações de melhoria (dentro da hierarquia que já citamos aqui) quando houver indicação prevista nas normas (leis, NRs, NHOs, etc.); quando o nível da classificação dos riscos indicar (normalmente ações moderadas e altas) e quando houver evidências da associação entre as lesões e agravos à saúde dos trabalhadores com os Riscos Ergonômicos e as situações de trabalho identificados.
Acredita que essa também não é uma diferença entre AEP e AET? 🙁
O Ergonomista deve participar da construção do Inventário de Risco Ocupacional (IRO) e do Plano de Ação com informações da AEP, da AET, dos Plano de Ação com sugestões de melhorias advindas dessas duas fases, da implantação de melhorias e da Gestão Ergonômica.
No IRO deve conter dados da “Identificação de Perigo” e “Avaliação de Risco” ocorridas na AEP e na AET, além das ações de melhoria.
Mais abaixo vamos voltar nesse item…
Agora, vamos ver a nossa querida NR 17, sobre Ergonomia.
Norma Regulamentadora 17 (NR 17)
A nossa querida NR 17, sobre Ergonomia, fala um pouco mais detalhadamente das diferenças 🙂 entre AEP e AET. Pontuamos aqui alguns itens que irão nos ajudar nessa discussão:
Já citamos esse item da NR 17 dentro da discussão da NR 01, mas não poderíamos deixar de começar por ela, pois essa é uma das diferenças 🙂 entre AEP e AET.
Já tocamos nesse ponto anteriormente, mas dentro do que nós entendemos, na AEP você deve, obrigatoriamente (e vamos mostrar mais itens falando isso) avaliar todos esses 5 aspectos (e aqui acrescentamos o aspecto psicossocial) em todas as principais atividades de trabalho do cargo ou posto de trabalho ou processo de trabalho (dependendo de como esteja “dividido” seu PGR).
Adicionamos o aspecto psicossocial por entender que ele saiu da nova redação da NR 17 por uma disputa política dentro do da Comissão Tripartite que aprovou a norma e não por uma questão técnica. Tecnicamente, não faz sentido excluir esse aspecto dos 5 outros itens citados na norma…
Diferentemente 🙂 do que acontece na AEP, no caso da Análise Ergonômica, esses aspectos podem ou não estarem presentes, mas não obrigatoriamente, como deve estar na Avaliação Preliminar.
A AET é direcionada por uma “demanda” e essa pode ou não ter relação com algum dos 6 itens que citamos acima. Por exemplo, se você tem um trabalhador de um setor que transporta manualmente a carga, mas a demanda da AET não tem relação com o transporte manual de carga (por exemplo, a má iluminação do galpão ou o layout do setor ou o tipo inadequado de paleteira usado no setor), você não deve analisar profundamente o manuseio de carga (em especial pelo fato de que, se o processo de avaliação for devidamente seguido, esse item já pode ter sido estudado e resolvido na AEP - hipótese).
Você pode até discutir o exemplo que demos acima, MAS O FATO É QUE NA AET VOCÊ NÃO DEVE ESTUDAR TODOS OS FATORES DE RISCOS DE TODAS AS ATIVIDADES DE TRABALHO.
Esse item está sendo citado para nos ajudar em uma discussão futura.
Todas as organizações e órgãos públicos devem aplicar a NR17 (todas, sem exceção)!
TODAS AS EMPRESAS E ÓRGÃOS PÚBLICOS devem fazer com que sua organização do trabalho, as atividades que requerem levantamento, transporte e descarga individual de cargas, o mobiliário dos postos de trabalho, o trabalho que exija operação de máquinas, equipamentos e ferramentas manuais, bem como suas condições de conforto no ambiente de trabalho NÃO GEREM ADOECIMENTO FÍSICO OU PSICOLÓGICO para seus trabalhadores!
É importante entender que a aplicação da NR 17 não é a mesma para todas as empresas, devendo ser adaptada à cada realidade das empresas. Uma empresa com maturidade ergonômica maior, deve ter um tipo de serviço mais completo, mais complexo; ao contrário de uma empresa que nunca teve uma ação consciente sobre Ergonomia.
Mais a frente, no item 17.3.4, essa norma falará que alguns enquadramentos jurídicos e portes de empresas que estão desobrigados a realizar a AET e isso está virando uma confusão…
Da forma que está escrito, todas as organizações e órgãos públicos devem realizar, pelo menos, a AEP! Perceba que nem neste item e em nenhum outro a norma isenta nenhuma empresa de realizar a AEP.
Se algum Ergonomista fala para seu cliente que “não precisa fazer AEP” ou que “se o cliente já tem AET, que não precisa de AEP”, ele está assumindo uma interpretação pessoal dele e que não está escrito na norma!
Em outras palavras, este item mostra uma diferença 🙂 entre AEP e AET, de forma que a NR 17 diz que se DEVE realizar a AEP (e não faz nenhum tipo de exceção - ou seja, toda empresa ou órgão público deve realizar a AEP) e não diz que a empresa deve realizar a AET.
Veja algumas situações possíveis:
Caso o cliente queira fazer a AET e não a AEP, deixe claro e formalmente (por email) que sua indicação é que ele faça a AEP antes da AET!
Além disso, como o cumprimento da NR 17 é obrigatório, a AEP é a maneira mais “fácil” da empresa comprovar que aplicou a norma.
A norma também não fala quem pode realizar a AEP; ela não faz menção a esse profissional ou à alguma capacitação mínima. Um dos membros da equipe técnica da NR 01 afirmou que, na opinião dele, a intenção deles seria para que “qualquer um” realizasse a AEP, sem uma exigência técnica mínima formalizada na norma, inclusive podendo ser o dono do negócio. Para ele, a proposta seria de facilitar a realização, para que todas as empresas conseguissem realizá-la, inclusive com ajuda de materiais técnicos que seriam disponibilizados pela SIT e Fundacentro, por exemplo.
Nossa opinião é que, apesar da responsabilidade ser do empregador, o profissional que realiza a AEP deve ter um conhecimento suficiente de Ergonomia.
No caso de uma AEP ser mal feita (por esse profissional sem competência técnica e/ou pela empresa mal intencionada), o resultado poderia ser a ausência de perigos, o que resultaria em alguns problemas causados pela “falta de ergonomia”, inclusive afastamentos, poderiam vir a acontecer. Isso seria contraditório com a intenção da equipe técnica.
Existe um boato (para nós, seria apenas um boato) de que sairia uma Nota Técnica (semelhante à da AET) indicando quem deveria realizar a AEP, também colocando requisito mínimo de curso superior.
Esse item citado acima traz outro importante ponto, que infelizmente não é uma diferença entre AEP e AET 🙁, mas que está citado para ser aplicado na AEP: NÃO SÃO APENAS OS FATORES DE RISCOS QUE CAUSAM ADOECIMENTO QUE DEVEM SER APONTADOS NUMA AEP!! Isso é muito importante!
DEVEM SER APONTADOS NA AEP AQUELES QUE GERAM DEMANDA ERGONÔMICA, OU SEJA, AQUELAS SITUAÇÕES QUE DEMANDAM ADAPTAÇÃO DOS TRABALHADORES (MENTAIS, COGNITIVAS E FÍSICAS).
Estamos nos perdendo… Esse item acima também não é uma diferença 🙁 entre AEP e AET, e sim uma semelhança. Apesar de estar citando apenas a AEP, também na AET o Ergonomista pode usar qualquer metodologia que desejar. Porém, como foi falado acima, no caso da AEP, você pode usar qualquer abordagem (qualitativas, semiquantitativas, quantitativas ou combinação dessas) DESDE QUE:
Meu Deus, que tristeza: nos perdemos nesse artigo… Essa não é uma diferença entre AEP e AET 🙁!
As duas fases da Avaliação Ergonômica devem ser registradas, seja fisicamente (material impresso) ou virtualmente (desde que seguido os devidos trâmites legais).
Nós sugerimos que, na AEP e na AET, você entregue um documento separado e um outro documento que ajude a empresa a completar seu Inventário de Risco e seu Plano de Ação.
Essa é uma diferença 🙂 entre AEP e AET: enquanto a AEP deve ser realizada sempre que houver “situações que demandem adaptação dos trabalhadores, sejam elas mentais, cognitivas ou físicas”, a Análise Ergonômica:
Com base na experiência do nosso time, nós indicamos 7 gatilhos que devem “startar” uma AET e esses estão no nosso Kit de Ergonomia no PGR, no qual apresentamos, explicamos e exemplificamos os 7 gatilhos (lembre-se de que você tem 30% de desconto na compra do Kit, caso já tenha sido nosso cliente de algum material ou curso).
Nós não criamos “dos cotovelos” outros critérios, mas, com base na nossa vivência, identificamos alguns itens que deveriam estar na norma e não foram adicionados, por exemplo, (ALERTA SPOILER) quando um Auditor Fiscal do Trabalho (AFT) solicita em um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), após fiscalização.
O item acima mostra uma diferença 🙂 entre AEP e AET. Esse item (17.3.3), juntamente com os itens 1.5.4.3.1, 1.5.4.4.2, 1.5.4.4.3 e 1.5.4.4.4 da NR 01 (todos já citados e comentados anteriormente), mostram as saídas que devem acontecer no caso da AEP e da AET, que podem ter aspectos iguais ou diferentes. Aqui temos duas situações:
Vamos falar melhor disso no nosso segundo artigo sobre esse tema.
Ergonomista, se você está precisando de ajuda para fazer as Avaliações Ergonômicas de forma mais segura ou quer aprofundar mais no assunto, adquira nosso Curso de Avaliação Ergonômica da Universidade ifacilita.
Tanto a AEP quanto a AET devem fornecer dados que deverão compor o Inventário de Risco Ocupacional (IRO) e o Plano de Ação, então essa também não é uma diferença entre elas… 🙁
Não sabemos por quê, cargas d'água, durante um tempo houve a discussão sobre a colocação ou não do resultado da AEP e da AET no IRO e no Plano de Ação do PGR… Nós aqui, não perdemos tempo com essa discussão, sinceramente: TEM QUE COLOCAR!
Obviamente que o que deve ser colocado no IRO não é “a altura que a bancada deve ficar” ou “qual o valor da iluminância média daquela sala”. Parece piada, mas já vimos isso em um Inventário de Risco…
AH, PELO AMOR DE DEUS, NÃO VAI ANEXAR A AEP OU AET NO IRO! Apenas algumas informações devem ser levadas ao IRO e se você não souber quais são esses dados e como fazer isso, nosso Kit de Ergonomia no PGR explica tudinho, inclusive te fornecendo grátis um modelo de Avaliação Ergonômica Preliminar (AEP), de Inventário de Risco e de Plano de Ação.
Atenção Ergonomista: para nós, aqui fica claro também que a sua AET agora deve conter, ao seu final (na parte das conclusões), por exemplo, a identificação dos perigos feita na AEP e a avaliação dos riscos.
Lembrando que a avaliação dos riscos, segundo a NR 01, deve ser feita considerando, pelo menos, a probabilidade e a severidade do risco, como já falamos!
Esse item traz uma semelhança 🙁 e uma diferença 🙂 entre AEP e AET:
É triste, mas esse item também traz uma semelhança 🙁 entre AEP e AET, apesar de não citar a AEP. Na nossa interpretação, esse item serve também para a Avaliação Preliminar: guarde sua AEP e sua AET (de preferência digitalmente, MAS COM A ASSINATURA DO CLIENTE) em um arquivo por 20 anos!
Se quer super dicas (inclusive uma planilha de controle de documentos), leia nosso artigo e assista nossa live sobre Gestão de Documentos em Ergonomia.
Já falamos anteriormente isso e também não é uma diferença 🙁 entre AEP e AET: ouça o trabalhador durante a avaliação E REGISTRE A FALA EM SEU DOCUMENTO! Alguns modelos de documentos fornecidos não contém um campo para o registro dessa fala, o que pode gerar problema para seu cliente.
Se você precisa de modelos de AEP ou de AET, na Universidade ifacilita você tem duas possibilidades:
Esse item aqui já entra em um dos fatores de riscos citados pela NR 17, o da Organização do Trabalho, porém colocamos para reafirmar a discussão (que já fizemos) sobre as medidas de prevenção e controle em Ergonomia.
A NR17 fala explicitamente sobre a proposição de medidas de controle de prevenção às lesões ou agravos à saúde em várias situações, como mostra a imagem abaixo:
Para esses e todos os outros casos, tanto na AEP quanto na AET 🙁 devem ser previstas medidas de melhoria segundo a NR 17, mas também podemos recorrer à NR 01 e às normas técnicas complementares, como a NHO 11, por exemplo.
Placar Final
É muito triste nosso placar final!
Apesar de termos falhado miseravelmente no propósito deste artigo, que era para falar apenas das diferenças entre AEP e AET, acabamos achando que existem mais semelhanças do que diferenças…
Na verdade, AS SEIS GRANDES DIFERENÇAS entre AEP e AET, ao nosso ver, são:
Chegamos ao final do nosso primeiro artigo sobre o tema.
O que você achou deste nosso conteúdo? Deixe aqui embaixo um comentário sobre algum item que você achou mais interessante ou que gostaria de mais informações, ou até mesmo deixe sua pergunta ou opinião sobre o tema. DEIXE UM COMENTÁRIO! ELE É IMPORTANTE PARA NOSSO TRABALHO.
Até agora não respondemos “diretamente” o que deve ser avaliado na AEP e na AET, então, vamos deixar essa discussão para o segundo artigo. Lá temos também o acesso à LIVE que fizemos sobre "Diferenças entre AEP e AET".
Te vemos lá!
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